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A Gentalha do Pichel propom reflexom sobre o Entruido

A Gentalha do Pichel propom reflexom sobre o Entruido

Reproduzimos o texto em que o Conselho Geral da Gentalha do Pichel reflete sobre o significado e evoluçom atual de umha das tradiçons populares mais representativas do nosso país: o Entruido.

COMUNICADO DO CONSELHO GERAL SOBRE O ENTRUIDO

Na paróquia de Salzedo, na Póvoa de Brolhom, um monstruoso urso desce da montanha cada segunda feira de entruido há já muitos anos. Foi sempre na segunda feira de entruido... até o ano passado. O urso interrompeu a sua ivernaçom para concentrar-se na Praça da Galiza de Chantada contra a negativa da administraçom autonómica de declarar o evento “festa de interesse turístico” por parte da direçom geral correspondente. O nosso Urso mitológico rompeu assim a tradiçom; queria aparecer na propaganda turística distribuída por todo o Estado Espanhol.

No passado ano o Urso saiu como tinha previsto, depois da atuaçom da Paris de Noia, mas quase metiam mais medo as manadas de palpebrantes cámaras de fotos do que o Urso, que quase nom conseguia mexer-se. A cena repete-se no resto de entruidos da zona: cada ano mais e mais visitantes.

A Gentalha do Pichel há 12 anos que tenta revitalizar, com escasso sucesso, o entuido de Compostela. Muitas outras entidades acompanham-nos nesta desagradecida tarefa. Promovemos comparsas, fazemos cozidos, elaboramos coplas satíricas, visitamos os generais, elaboramos vídeos de entrevistas com gente que viveu a época de sáude do entruido urbano... Nom só em Compostela se está a desenvolver este trabalho; sabemos que este esforço está a ser feito em diferentes comarcas galegas.

Compostela celebrava o entruido. Mas já nom.
Forma parte de umha unidade do currículo escolar e dumhas poucas valentes que ainda dam algo de ambiente à noite da zona velha. Seja como for, é justo indicar que as vizinhas de Compostela tinham um entruido corajoso e vital; um entruido tradicional que insultava autoridades, que desafiava leis e metia os cavalos dos generais do Castinheirinho dentro do Paço de Rajoi. Umha festa que se foi apagando, como tantas outras, por diferentes causas. O verdadeiramente específico do entruido é que qualquer esforço de entidades sociais interessadas em reanimar a nossa cultura local colide com a crua realidade, e isso é o que queremos pôr em comum convosco: a massiva e crescente viagem a terras ourensanas da parte mais ativa do tecido cultural galego.

Imaginai que as cacharelas de Compostela nom contassem durante décadas com o entramado social que ainda hoje as mantém vivas. Imaginai que caíssem no esquecimento e que em 2016 só umha parte do rural de Compostela celebrasse este valiosíssimo ritual do solstício de inverno. Sabedes onde estaríamos todas? Nas praias da Corunha, com os “sanjuaneros”... “nom me compares, é que aqui em Compostela nom há ninguém, ali a festa está viva”... Soa-vos?

É assim que nos transubstanciamos em audiência, padecendo, consumindo as nossas festas em detrimento do papel protagónico que umha cultura viva nos teria reservado. Olhamos como espetadoras de luxo o que consideramos tradiçom (o que algumha vez foi tradiçom) enquanto a vizinhança local vai retrocedendo para observar um novo espetáculo da janela da casa ou para improvisar um lucrativo “chiringuito”. Crescem interesses e mobilizam-se os negócios alheios à economia do lugar. A organizaçom passa dos coletivos à administraçom ou a empresas de gestom cultural...

Nom se trata de achar culpadas. Nom somos ninguém para assinalar pessoas nem é a nossa intençom. Há algo de saudável em querer conhecer a pluralidade cultural da Galiza. Trata-se de tentar começar umha reflexom coletiva para os próximos anos que sublinhe que essa pluralidade está em perigo. A Gentalha quer tentar ser detonante dessa ativaçom mental e convida o tecido associativo de Compostela e do resto da Galiza a somar-se a esta reflexom. Aquilo que chamávamos esquerda nom duvidava na capacidade transformadora da celebraçom local, da festa da vizinhança, na cultura focalizada face à gregária e modulável cultura de massas. O entruido é umha tradiçom Galega, de cada aldeia, vila e cidade. Com estas debandadas destruímos o entruido daqui e o de lá; o nosso e o do resto.

O urso começou já a recuperar o ritmo cardíaco. Espreguiça-se desnutrido e correrá monte abaixo a tisnar as faces das turistas. Cada vez mais turistas e cada ano de mais longe.

Polo urso de Salzedo, polos cavalos a sujarem o mármore das escadas de Rajoi, fazei o entruido!

Conselho Geral da Gentalha do Pichel
Compostela, 2016

Última modificação emSexta, 29 Janeiro 2016 11:17
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