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Sobre 'você', o sesseio e a falta de norma-padrom oral em galego

Sobre 'você', o sesseio e a falta de norma-padrom oral em galego

'Você' com interdental fricativa surda, ou ápico-alveolar com sesseio, ou como seria? Obrigado. 

 

David vila (via Facebook)

RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA DA AEG:

Devemos começar por reconhecer que ainda nom existe umha proposta clara de padrom fonético para o galego.

Nas últimas três décadas, o desenvolvimento argumentado e propositivo das teses reintegracionistas, alternativas à linha isolacionista promovida polas instituiçons oficiais, permitiu que contemos com umha proposta de padrom ortográfico e morfossintático (Estudo Crítico de 1983 e Prontuário Ortográfico Galego de 1985), incluindo umha proposta especificamente verbal (Guia prático dos verbos galegos conjugados, 1988) e mesmo lexical (O modelo lexical galego, 2012), além doutras propostas de tipo estilístico, como as contidas no Manual galego de língua e estilo de 2007.

A falta de umha proposta de padrom oral é visível no ensino e nos meios de comunicaçom, especialmente na rádio e na televisom, talvez com a exceçom parcial do trabalho realizado na dobragem de filmes, séries e desenhos animados da televisom pública. Essa ausência de irradiaçom de um modelo de língua falada constitui umha grave falha, pois na atualidade esses meios e, cada vez mais, a internet limitam-se a refletir a progressiva degradaçom da riqueza fonética e prosódica galega, navegando entre a “fala espontánea” de cada pessoa e o peso crescente do padrom espanhol como referente implícito.

Entre as caraterísticas desse “padrom implícito” castelhano-dependente que vem elaborando-se nos meios audiovisuais galegos, carente de qualquer planeamento ou estratégia restauradora do galego oral, salienta a supressom total do que popularmente se denomina “sesseio” (articulaçom sibilante, pré-dorso-dental ou ápico-alveolar, surda /s/ em palavras como cozer ou poço), apesar da sua significativa sobrevivência sobretodo na faixa ocidental galega. No seu lugar, generaliza-se nos meios de comunicaçom e nas geraçons mais novas a pronúncia tetacista (interdental surda /θ/ nas mesmas palavras acima indicadas), em funçom da sua identidade com a pronúncia padrom do castelhano de Espanha (nom assim do resto de estados com língua oficial castelhana ou espanhola, que tenhem como norma a pronúncia “sesseante”).

Outros traços significativos desse “nom-modelo” que se alimenta a partir dos meios de comunicaçom som: a simplificaçom do sistema vocálico tónico, acomodando-o ao de cinco elementos caraterizador do espanhol (esmorecendo a tradicional distinçom fonológica entre as vogais médias e, o); a articulaçom aberta do vocalismo átono; ou a perda das curvas de entoaçom próprias do galego... todos os quais contribuem para o empobrecimento da oralidade, por causa da pressom da língua cada vez mais dominante do ponto de vista ambiental: o espanhol ou castelhano.

Faltando nos dias de hoje umha proposta e, sobretodo, a vontade política de a implementar a sério (ao invés do que sim está a acontecer noutros países com línguas minorizadas, como a Catalunha), só nos resta lembrar a necessidade de, junto à hoje maioritária pronúncia tetacista, reincorporar progressivamente o sesseio como realizaçom propriamente galega, talvez de maneira preferente no caso da pronúncia implosiva ou final (luz, rapaz). Contodo, parece evidente que tal possibilidade só poderá vir a ser umha realidade com a aplicaçom de um plano normalizador sustentado na referencialidade de um ensino e de uns meios de comunicaçom audiovisuais plenamente galeguizados e com critérios claros.

Concretizando a resposta à consulta recebida e aplicando os critérios expostos, devemos considerar admissíveis ambas as pronúncias (a sesseante e a tetacista).

Última modificação emSexta, 07 Abril 2017 11:54
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