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Contra a descaracterizaçom e a escrita automática

Contra a descaracterizaçom e a escrita automática

Joám Lopes Facal

O galego está ameaçado de descaracterizaçom e inexpressividade. O enfraquecimento do fio da transmissom oral procedente das geraçons pretéritas, provoca umha progressiva simplificaçom da língua usada, já nom só naqueles substantivos desaparecidos com os objectos que descreviam. O cabeçalho, o jugo, as chedas o coucom do carro de vacas da nossa infáncia rural. O cabeçalho ainda campa no Houaiss como peça dianteira dos carros de tração animal e das carroças, à qual se prendem pela cabeça ou pescoço os animais e pela qual o movimento destes é transmitido ao veículo.

Som muitos os verbos e adjectivos que imos deixando de lado, quer seja por baixa produtividade sobrevinda quer por desamor ao matiz: esse sabor especial que mantém viva palavra e conceito na fala familiar.

Os que defendemos a especificidade de um padrom galego da língua deveríamos reagir ante o desleixo e a perda de caudal expressivo de palavras arrombadas por preguiça ou gregarismo. Perdemos acervo estilístico brunido polo tempo em prejuízo da qualidade do idioma. Cunqueiro ou Valle Inclán nom seriam quem sem o seu refinado ouvido e o prazer polo termo arcaico. Escrever como um simples cronista que só aspira que a comunicar-se nom é objectável mas degrada esse instrumento subtil que é o idioma. A arte da retórica, da velha sabedoria merece reabilitaçom constante por parte dos operários da linguagem .

O euskera, por exemplo, debate-se no intento de insuflar vida no batua, inevitavelmente ameaçado de artifício por falta de tradiçom no uso. Defrontamo-nos ao risco irlandês, entre um inglês omnipotente e um gaélico evanescente. Afirma-o Quim Monzó1 que ainda afirma que sem saber castelhano, o catalám habitual corre o risco de nom se entender.

Palavras em risco de desuso acovilhadas em dicionários perdidos esperam um resgate de última hora que lhes prolongue a vida em benefício da prosa cativadora e a eloquência irresistível. Um ideal? Para um escritor em língua galega, nom.

Quero lembrar o verbo caustrar, tam vivo na minha infáncia e agora recluso forçoso no benemérito dicionário de dicionários2. A RAG ignora-o, o Estraviz nom. Curiosear, rebuscar, som sinónimos próximos, bisbilhotar, vasculhar diria talvez um português, mas, porquê teríamos de delegar no português como opçom por defeito? A escrita automática (em verbo português) está bem para os praticantes do surrealismo.

Um conjunto de adjectivos adquiridos por prática familiar som para mim de obrigado cumprimento. Revirado é um magnífico adjectivo, altamente produtivo, o seu antónimo imediato para mim é guiado, equivalente a obediente. Guia-te! berravam-lhe (repreendiam) aos filhos rebeldes. É mui revirado, (indócil) diziam de um rapaz inclinado a replicar as ordens ou a afirmar umha conduta independente.

E que dizer de garbo e garboso: galhardia, altivez? Tem muito garbo! Equivale a é mui altivo! O Houaiss retrotrai-o ao século XVI.

Quanta beleza à espera de quem saiba devolvê-la ao curso normal do idioma para temperar textos e contextos ençoufados hoje em molho insípido.

2 http://sli.uvigo.es/DdD/

Última modificação emSexta, 09 Março 2018 13:21
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